Por AGR Consultores, Jéssica Costa Sócia e Head de Eficiência, Gestão e Transformação Digital e Valéria Balthazar, Consultora
Seguramente uma das pautas das empresas para 2024 é a “tal” e abrangente “TRANSFORMAÇÃO DIGITAL”.
Nunca se falou tanto no assunto como em 2023. A chegada da IA (Inteligência Artificial) no cotidiano das pessoas e consequentemente nas organizações, turbinou o assunto de forma tão exponencial que, absolutamente “todo mundo” – de forma obrigatória e sem escapatória – precisa “inovar” por meio de “alguma coisa”. Mas como conectar estas duas variáveis eficientemente?
Gestores sabem que precisam inovar, mas seguem se questionando sobre a efetividade da mudança, da inovação, e assim, voltamos àquelas perguntas de sempre: E se eu investir em uma máquina nova? Em uma nova loja? Em desenvolvimento de um novo produto? Será que não tem maior relevância do que investir em transformação digital?
Não são poucos os executivos que procuram nossa contribuição para elucidar estas reflexões, e é por meio do Deep Dive aliado a leituras dos ambientes interno e de mercado, análises baseadas em fatos e dados, que apoiamos com as respostas à essas perguntas: “está no momento de fazer algo?”, “o que devo fazer/priorizar?”
Vamos abordar alguns pontos que podem te ajudar a tangibilizar suas iniciativas.
IMPACTOS ORGANIZACIONAIS
Lindas apresentações são vendedoras, encantam, mas nem sempre implementáveis. Portanto, conduzir um processo decisório maduro e abrangente pode aumentar, e muito, a chance de escolhas assertivas para o momento da sua empresa, e manter seu projeto fora do “GERÚNDIO”:
- Engaje o time
Segundo pesquisa do Valor Inovação Brasil 2023 realizada com 253 empresas de 25 setores da economia, 97% das ideias são capturadas em sessões de brainstorming.
Chame seu time e deixe-o! Eles estão na operação (e não próximos dela) e darão insumos no aperfeiçoamento do projeto. Os times devem – efetivamente e culturalmente – ser incluídos “desde sempre”, pois tendem resistir à mudança se não souberem os motivadores e os impactos em suas atribuições no futuro.
Em seus estudos, o consultor japonês Sidney Yoshida desenvolveu o Iceberg da ignorância e concluiu que os executivos conseguem enxergar 4% das oportunidades e melhorias nas organizações. O restante está em outros níveis hierárquicos.
- Demonstre os impactos financeiros
Pesquise, estude e entenda os números. Analisar o mercado é o principal processo para compreensão das necessidades do que está ao redor do seu modelo de negócio.
Você pode cruzar as oportunidades internas e externas (como está se comportando mercado). Os números ajudarão na perspectiva das ações e consequentemente na tomada de decisão.
Ter apresentação e defesa de tese pautada em números é a essência e significará a diferença entre “vou estar entregando” e o “entrego em”.
Retome a máxima: gestão por resultados, sempre!
- Tenha domínio dos processos
Com o time engajado e os números entendidos é chegada a hora do detalhamento dos processos. O entendimento de onde começam e terminam, papéis e responsabilidades (áreas e colaboradores), entre outros, direcionará o olhar – com lupa – para os pontos de atrito (dentro e fora da organização).
Desenhar a operação como realmente é, identificando, quantificando e valorando as melhorias, será o acelerador necessário ANTES de qualquer tomada de decisão de investimento em inovação.
A não observância ao dimensionamento e volumetria é o ponto nevrálgico de escolhas equivocadas. Um bom exemplo disso é o Big Data. Quantas empresas consomem recursos (dinheiro e tempo) em ferramentas estratosféricas, sendo que os dados não possuem o grau de complexidade ou mesmo de maturidade (qualidade) para ferramentas sofisticadas atinjam seu potencial?
Às vezes a simples estruturação dos dados e um BI resolveriam e talvez, em um ciclo de PDCA, a evolução para o Big Data seja pertinente.
Back to fundamentals: otimize e qualifique os processos que dão base à toda operação, principalmente o core. Ancorar sua “defesa” no ponto que “tudo está amarrado” aos processos já existentes, ajudará na decisão e na visualização da implementação.
- Demonstre a importância de mudar (qualificar é importante, mas QUANTIFIQUE!)
O Valor Inovação Brasil apresentou um ranking que demonstra o impacto financeiro obtido com Inovações.
Os recursos que serão disponibilizados aos “projetos vencedores” estão cada vez mais limitados e estamos mais do que acostumados com isso, mas a origem destes recursos nem sempre precisa vir de dentro das organizações, mas de fora e creia, oriunda do Governo.
Lei do Bem: criada em 2005 e regulamentada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, é a lei que institui incentivos fiscais às empresas que promovam pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica.
Deixamos aqui alguns dados relativos à renúncia fiscal, a qual engloba uma série de possibilidades de projetos, inclusive ERP, CRM, entre outras plataformas mais comuns no ambiente corporativo.
Informações Estatísticas1 – Distribuição Geral das Empresas Participantes
Atualização: 2021
Além da Inovação Tecnológica, também precisamos considerar inovação em nossos modelos de negócio. Compartilhamos aqui alguns exemplos: desde quando uma rede de farmácias precisa de planos de celular próprios para ampliação de seus serviços (agregadores) focados na fidelização de Clientes2? Por que a Shell (um dos maiores players do segmento de combustíveis fósseis) abriu a maior estação de recargas de veículos elétricos do mundo (na China e em breve Raízen no Brasil com 35 pontos)3? Nossa provocação aqui não é sobre o certo ou errado, mas sim, qual é o exercício estratégico que está por trás destas iniciativas. Importante: o Planejamento Estratégico pode dar pane em muitos gestores, mas é o momento de repensar sua área perante o mercado extremamente competitivo.
Não se esqueça: fazer a mesma coisa certa, por muito tempo, não vai funcionar a médio prazo. Essa máxima é válida para qualquer tipo de negócio, em todos os segmentos.
Para finalizar, queremos deixar um tema que deveria constar no seu exercício estratégico: SUSTENTABILIDADE. Além do assunto estar tomando proporções cada vez maiores, também está na cabeça do consumidor “ler” o que as marcas estão fazendo pelo planeta. Muito mais do que market share ou pontos na Lei do Bem, se apropriar da responsabilidade pelo amanhã dará conta da perenidade de nossas instituições.
Sem planeta equilibrado, não há Transformação Digital, Inovação, ou sequer a possibilidade de SUSTENTARMOS nossas empresas, nossos negócios.
FONTES:
1 Estatísticas – Lei do Bem: https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/lei-do-bem/noticias/informacoes-estatisticas (23/10/2023)
2 Case Pague Menos: https://revistapegn.globo.com/negocios/noticia/2023/10/pague-menos-lanca-plano-proprio-de-celular-para-fidelizar-cliente-das-farmacias.ghtml