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Blind Spot: Uma Análise Profunda sobre um Problema Invisível

Por Ana “Popy” Tozzi, CEO da AGR Consultores

As vezes Blind Spot, as vezes simplesmente não queremos ver… Uma Análise Profunda sobre um Problema Invisível

Desde o advento da Americanas venho matutando quantas vezes os executivos ou empreendedores, ao longo de suas jornadas, se veem em uma situação de blind spot. Quantas dessas situações são de fato Blind Spot, “teimosia”, audição seletiva ou um combinado delas? Venho refletindo sobre o conteúdo deste artigo e, somente após a participação na Jornada Técnica do IBGC em Londres, decidi escrevê-lo. Uma viagem com muitos insights e discussões sobre o tema. 

Nas complexas engrenagens das empresas modernas, uma quantidade enorme de desafios e obstáculos podem passar despercebidos. Entre esses obstáculos, um dos mais traiçoeiros e frequentemente negligenciados é o “blind spot” ou “ponto cego”. Refere-se normalmente a situações ou problemas dentro da organização que não são devidamente reconhecidos, compreendidos ou abordados pelos líderes e colaboradores. Os blind spots nas empresas são  perigosos e podem resultar em falhas estratégicas, problemas de desempenho e até mesmo gerar crises desnecessárias.

Como identificar os Blind Spots?

Os blind spots nas empresas são caracterizados por falta de transparência de informações, processos ruins ou confusos, culturas tóxicas ou temas que ficam fora do campo de visão ou consciência dos líderes ou dos colaboradores. Eles podem se manifestar de várias maneiras:

  1. Viés de Confirmação (miopia executiva): Imergir em suas próprias perspectivas e crenças faz com que líderes e equipes ignorem informações ou evidências que contradizem suas visões. Lideranças arrogantes e ditadoras não promovem ambiente psicologicamente seguro, e assim, formam times fracos, com pouco brilho uma vez que não estimulam criatividade ou desafiam as verdades;
  2. Cultura Corporativa Tóxica: Nutrir uma cultura organizacional tolerante a comportamentos inadequados, tais como assédio ou discriminação. Empresas que não dão espaço para conversas francas e transparentes, cultura que fomenta pequenas “não verdades”. Remuneração variável que estimula o egoísmo, o espírito individualista e as metas de curto prazo, atraem executivos gananciosos com agendas individuais desalinhadas com as agendas de longo prazo da maioria das empresas;
  3. Tecnologia Desatualizada: Ignorar a necessidade de atualizar e inovar sistemas ultrapassados pode ser prejudicial à visão de longo prazo. Muitas vezes escutamos de CIOs que a “mudança de determinada tecnologia dá muito trabalho, melhor deixar para o próximo gestor…”. Enquanto isso a empresa perde a possibilidade de identificar riscos e oportunidades em suas bases de dados inteligentes;
  4. Concorrentes Emergentes: Falhar em reconhecer novos concorrentes ou tendências pode levar a perdas significativas de participação de mercado: o excessivo “olhar para dentro” atola os líderes em rotinas demais e estratégia de menos. Lembro-me claramente de quando o Starbucks estava para chegar ao Brasil. As redes de cafeterias dominantes davam como certo o fracasso: “Popy não vai dar certo…imagina que o brasileiro vai pagar R$17,00 para tomar um café com pão de queijo” foi o que um cliente me falou. Ele não entendeu nada…ou não quis entender;
  5. Problemas de Comunicação: Falhar na comunicação interna pode resultar em desinformação, falta de engajamento e conflitos não resolvidos. Como diz um cliente nosso: “quando não comunicamos as pessoas inventam, criam verdades que podem tirar o foco da equipe”. A força de um bom RH, orientado a negócios é uma grande ajuda para construção de culturas fortes e duradouras.

Impacto dos Blind Spots nas Empresas

Os blind spots têm impactos profundos nas empresas, que podem variar de acordo com a natureza do problema. Os mais comuns estão relacionados a oportunidades de negócio, ineficiência na gestão de receitas e os altos custos não percebidos. Em casos mais críticos, podem resultar no desaparecimento da empresa, produto ou serviço.

Ignorar problemas internos ou não se apropriar deles, pode levar a crises que poderiam ter sido evitadas com uma abordagem proativa e corajosa de gestão. A incapacidade de reconhecer novas oportunidades de mercado pode deixar uma empresa em desvantagem competitiva. Ignorar as necessidades dos clientes ou não avaliar adequadamente as demandas do mercado pode resultar em produtos ou serviços que não atendem às expectativas e as receitas planejadas. Tolerar vícios culturais pode levar a altas taxas de rotatividade e desengajamento dos funcionários, ambos com desdobramento em altos custos não evidentes (hidden costs). E, por fim, não gerenciar riscos pode resultar em escândalos ou crises que podem prejudicar a reputação de uma empresa perante o público.

Como lidar com eles?

A identificação e abordagem dos blind spots nas empresas são essenciais para o sucesso e a geração de valor no longo prazo. Algumas estratégias podem ajudar, e sendo aplicadas conjuntamente, podem ajudar a evitar a complacência e a cegueira em relação a novas ideias:

            Gestão de Cultura e Pessoas:

  • Implementar uma cultura de diversidade e inclusão (time diverso traz ideias diversas!);
  • Promover um ambiente propício ao feedback honesto;
  • Estimular educação continuada que fomenta uma cultura de aprendizado contínuo.

            Promover o “olhar para fora”:

  • Mentorias externas – consultores externos podem trazer uma perspectiva imparcial e identificar problemas que não são visíveis internamente;
  • Estratégia de tecnologia focada em análise de dados – Análise de Dados (data analytics) ajuda identificar tendências emergentes e oportunidades de mercado. Uma área de inteligência bem estrutura em processos e tecnologia, aliada ao negócio, pode ser um grande diferencial competitivo. 

            Membros independentes em Conselhos: 

  • Sejam consultivos ou administrativos, a participação de membros independentes nos conselhos é umaforma de provocar um olhar além do óbvio (independente do tamanho da sua empresa sempre é possível e importante ter um!). A identificação de blind spots por conselhos requer uma abordagem proativa que envolve a diversidade de perspectivas, um ambiente aberto para a escuta e o debate, avaliações regulares e uma cultura de transparência e ética. Uma governança bem construída pode ajudar estimular a busca constante dos pontos cegos de cada organização. 

Os blind spots nas empresas são desafios persistentes e traiçoeiros que podem impactar significativamente o desempenho e a sobrevivência das organizações. Reconhecer a existência desses pontos cegos e ter disposição e coragem para tratá-los, é o primeiro passo para enfrentá-los de maneira eficaz. À medida que as empresas evoluem e enfrentam novos desafios, a conscientização e a proatividade na identificação e resolução dos blind spots se tornam cruciais para o sucesso a longo prazo.

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Graduado em Engenharia Ambiental, Engenharia de Produção e Pós-Graduado em Gestão de negócios. Sólida atuação em Supply Chain, Gestão Logística e Desenvolvimento de Negócios aliados à melhoria de processos. Expertise em projetos de Otimização na cadeia de suprimentos e logística, implementação de S&OP, malha de distribuição físico/fiscal, estratégia de replenishment e eficiência em custos.

Administrador de Empresas Graduado pela UFPE, executivo com mais de 25 anos de experiência em empresas multinacionais e nacionais de varejo e tecnologia ocupado posições de liderança globais e locais.

Expertise no desenvolvimento e implementação de novos negócios, Planejamento Estratégico, Modelos de atuação Comercial, estruturação de processos de alta complexidade e implementação de modelos transversais de transformação digital.

Administradora de Empresas com especialização em tecnologia e gestão de projetos. Atuou por 16 anos em empresas de tecnologia, responsável pela definição de estratégias de Implantação de plataformas de soluções. Lidera projetos de diagnósticos empresariais com foco em eficiência operacional e inovação. Domínio no desenho e implementação end-to-end de projetos omnichannel e transformação digital. Investidora anjo, está presente nos principais fóruns mundiais de inovação de Portugal e China em segmentos variados.

Pós Graduado em Gestão Empresarial pela FGV, consultor há 13 anos e apaixonado por trabalhar com pessoas e empresas que busquem crescer seus resultados com propósito e consistência. Entrega projetos de eficiência e gestão, entendendo e reposicionando processos, tecnologias, pessoas e negócios. Planejamento estratégico | Gestão orçamentária | OBZ | GMD | RBZ | Integração de operações | CSC | GBS | JBP | Pós M&A Reestruturação de empresas | Transformação digital

Administradora de Empresas pela USP, com MBA Executivo Internacional pela FIA-USP, fundou a AGR em 2005. Com mais de 25 anos de experiência no setor de consumo e varejo, com carreira executiva e de consultoria, é reconhecida pela mídia como especialista em varejo, estando semanalmente presente em publicações, entrevistas e palestras do segmento. Atua em estratégia e redesenho de operações, preparação para IPO e pós-M&A. Investidora anjo no BR Angels. Desde 2005 participa da NRF, e nos últimos anos de eventos de Inovação, WebSummit, China e Vale do Silício.